LUIZ CARLOS

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domingo, 13 de abril de 2008

A excurção. (Conto)

Ela chorava e se dizia magoada. Eu me desculpei e não sabia mais o que dizer...
Eu nunca sabia o que dizer depois que a deixava zangada!.
Ela me chamou de cínico antes de me dar as costas e sair aos prantos em passadas fortes e rápidas. ___ Se ela me ama mesmo, amanhã ou depois ela vem me procurar, “pensei”. E ela veio. “Ela sempre vinha”. Então eu me desculpei, e ela me desculpou. “Ela sempre me desculpava!...” Eu sorri um sorriso de quem sabia que poderia errar de novo.
“Eu sempre errava de novo!...” Ela ficava magoada e gritava qualquer coisa tentando me atingir e ofender, depois ia embora chorando. “Ela sempre chorava!...”.
A excursão para a praia, combinada com os colegas da fabrica de calça jeans onde ela trabalhava, sairia às cinco da manhã no domingo. Ela mesma comprou as passagens.
No sábado a tarde estávamos, ela e eu na beira da lagoa que existia lá na vila quando a cidade ainda era pequena:
___ Você gosta de mim? Perguntava ela.
___ É claro que gosto já te falei tantas vezes!
___ Então porque você vive sempre aprontando, sempre atrás de um par de pernas, e sempre sem nunca pensar em mim?...
Eu não respondi nada. “Eu nunca respondia nada!” Ficava sem saber o que dizer !
Mas naquele dia ela estava feliz. Era uma felicidade frágil, dessas que a gente sente por alguma coisa boa que esta prestes a acontecer, mas que se não acontece nos pode deprimir... ela me olhou com um olhar desamparado e me pediu como quem pede um pedaço de pão amanhecido, que eu nunca mais a deixasse triste. Eu me senti culpado, e prometi nunca mais magoa-la. “Eu sempre prometia!...” Ela me abraçou e sorriu um sorriso alegre. Depois me alertou para o horário da parida do ônibus da excursão __ O ônibus partiria as cinco! E recomendou que eu fosse me deitar mais cedo, já que nós não iríamos sair durante a noite daquele sábado, “véspera do passeio.” Eu disse que sim, que iria mesmo dormir mais cedo... Ela foi embora já era noite, e logo depois de eu chegar em casa ,tomar banho, e jantar,eu bem que pensei realmente em ir direto para cama. Mas era noite de sábado e eu acabei não resistindo a tentação, me arrumei e fui pra rua... Fui numa danceteria repleta de pessoas solitárias. Bebi, dancei, me empolguei, conheci mulheres, e só voltei para casa às três da manhã. Estava cansado, meio bêbado, mas não pretendia mais me deitar, e nem poderia. “O ônibus partiria as cinco.” Mas eu me deitei, e adormeci, e só acordei depois do meio dia... O ônibus partiria as cinco. “Pensei” ainda sem me dar conta da situação. Então me sentei na cama e olhei o relógio, era meio dia e quinze. O ônibus partiria as cinco!... __ Meu Deus! Já são mais de meio dia, o ônibus da excursão a muito se foi!... Disse eu no susto de quem sabe que cometeu um erro grave. Levantei-me num salto e fui voando até o ponto de partida do ônibus... Não tinha ninguém. Então corri até a casa dela na esperança de que ela não tivesse ido, mas foi em vão! Ela havia ido sozinha, e de certo levando toda tristeza da terra. __ Eu fui um insensível! “Eu sempre era insensível!” Eu aprontava, ela ficava magoada, brigava, chorava, e ia embora. Depois voltava, e eu me desculpava, e ela me desculpava, E eu fazia tudo de novo. “Eu sempre fazia tudo de novo!...” __ Mas esta foi a ultima! “Jurei a mim mesmo”. Quando as dez da noite o ônibus que deveria ter chegado às seis da tarde encostou no ponto, eu já estava desesperado de tanta ansiedade e preocupação. Com a chegada do ônibus a preocupação passou, mas a ansiedade se uniu ao medo de não saber como dizer, e pior, convencer a ela de que aquela havia sido de fato, a ultima vez. “Que nunca mais na vida”, eu iria magoá-la novamente. Eu estava pensando nisso quando as pessoas começaram a saltar do ônibus. Havia uma tristeza aparente em cada rosto. __ Deve ser o cansaço e o nervosismo causado pelas quatro horas de atraso, “pensei”. E isto, de certo só faria complicar ainda mais a minha situação. Finalmente depois de tantas faces estranhas avistei uns rostos conhecido. Era as amigas dela de seção, que ao me reconhecerem vieram logo ao meu encontro.
___ Cadê a Bruna? Perguntei meio desconfiado. “Ninguém respondeu...” Cadê ela? Insisti. E o silencio então foi quebrado por uma das moças que já um pouco mais calma, por fim, consegui me dizer tudo o que se passou... Ela falava, eu ouvia calado. Duas lagrimas corriam no seu rosto triste.Ela fez uma pausa, enquanto olhava nos meus olhos como quem não quisesse mais continuar. Ela não queria mais continuar! Mas continuou, E dizia... __ Ela estava deprimida.
O mar estava agitado. A praia movimentada... Ela foi longe demais! “Se as águas não estivessem violentas...” Ela estava muito distante! (Se as ondas não a tivessem carregado!...)


LUIZ CAIO.

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