LUIZ CARLOS

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sábado, 10 de maio de 2008

O mistério de Clara... (Conto)


A pequena cidade de são José acordou assustada naquela manhã. Aconteceu um crime. Uma pessoa havia sido assassinada durante a madrugada, e a policia estava toda mobilizada entorno do caso. Os curiosos marchavam aos montes rumo ao local da tragédia. A policia militar se incumbia de preservar o local, enquanto a policia técnica buscava algum vestígio que levasse pelo menos a uma pista de quem pudesse ter cometido aquele crime. Os vestígios eles conseguiram, e seriam decisivos, caso eles encontrassem um suspeito... Clara, era uma jovem tímida, calada, praticamente não tinha amigos na cidade onde morava. As pessoas diziam que ela era um tanto estranha, e isso somado a outros comentários a incomodava muito. Por esta razão, assim que completou dezoito anos ela decidiu ir embora de lá. Iria tentar a sorte em outro lugar e talvez, talvez até mudasse o seu jeito de ser. E foi assim que ela foi parar naquele ônibus de viagem que passaria pela cidade de S. José, onde ela decidira ficar por alguns dias na casa de uma tia, até resolver realmente para qual cidade pretendia ir. Ela estava sentada no banco junto a janela. O ônibus estava com a lotação completa, mas curiosamente não havia ninguém ocupando a poltrona ao lado dela. Clara estava com uma revista de modas nas mãos folhando-a, e olhando-a desinteressadamente. De repente ela olhou para o lado e percebeu surpresa, uma mulher que havia se sentado a seu lado e a olhava misteriosamente... Clara tentava disfarçar a inquietação, olhava para o outro lado, baixava a cabeça, mas não adiantava, a mulher não parava de encará-la, e ela estava começando a se preocupar... Mas aí a tal mulher resolveu iniciar uma conversa. Ela perguntou se Clara estava indo para a cidade de S. José. Clara respondeu que sim, mas logo demonstrou espanto por ela supor exatamente S.José, uma cidadezinha tão discreta. Então Clara primeiro quis saber o nome da sua companheira de viagem. Ela disse se chamar Ana, mas que os conhecidos a tratavam por branca. Então Clara quis saber se branca também estava indo para S.José. Branca respondeu de maneira meio estranha que sim, e logo tratou de impedir que Clara continuasse com aquilo que ela imaginou tratar-se de um ligeiro interrogatório. Branca parecia não querer perder tempo ouvindo perguntas que provavelmente não poderia responder, então ela tratou rapidamente de retomar o controle da conversa. O interessante foi que branca passou a falar com Clara de maneira tão natural que clara sem perceber foi se desarmando, e cada vez mais se envolvendo com as palavras de branca. Branca falava sobre o mundo interior de clara, coisas que só a própria Clara poderia imaginar, ou sentir. Mas ela não falava sobre Clara, ela falava sobre si mesma. E Clara por sua vez ia se identificando. Clara já se mostrava bem interessada pela conversa de branca, que percebendo ser ouvida, aos poucos, foi mudando o tema e o rumo da conversa. Dizia ela:__ Você vai gostar da cidade, é tranqüila, as pessoas são pacificas, tudo gente simples. Eu Cheguei a pouco na cidade, a menos de um mês, não conheço quase ninguém. Mas eu conheço o Valter que conhece todo mundo, e foi muito simpático comigo assim que desembarquei na cidade. Ele me ajudou com a bagagem, endereço, acomodação, essas
coisas!Daí a gente se tornou muito amigo. Sabe Clara, não é para rir! Mas o Valter tem uma cara muito engraçada. Ele tem uma mancha escura bem embaixo do olho direito, o rosto fino, o queixo cumprido, meio esquadrejado. Ele é único, é inconfundível. Se você olhar para alguém e achar que pode ser ele, então tenha certeza! É ele mesmo. Ah, Clara! Olha só que absurdo esta minha unha quebrada!Eu sonhei que cravava as unhas nas costas de alguém e quando eu acordei ela estava assim. Isto não é estranho? Clara já ia respondendo quando notou que o ônibus estava parado, e que algumas pessoas já até haviam desembarcado. Finalmente a cidade de S.J. Era o fim da viagem para Clara que teve que se apressar para não passar do ponto. Sorte que ao contrario do que ela havia imaginado outras pessoas também desceriam ali. Clara desceu rapidamente, e imaginando que branca a acompanhava comentou: __ Que sorte! Por muito pouco a gente não... Mas quando ela olhou para trás, e para os lados, percebeu que branca não havia desembarcado. Tentou avista-la no interior do ônibus que partia lentamente, mas não conseguiu, e o ônibus foi embora... Mas que correria era aquela ? Nossa ! Que agitação é essa meu Deus? Clara estava assustada com as pessoas seguindo todas, rumo a uma trilha que ia dar sabe Deus onde. Mas mesmo sem saber ela sentiu uma vontade incontrolável de acompanhar aquelas pessoas, e no meio do caminho ela soube que uma pessoa havia sido assassinada e que todos estavam curiosos para ver o corpo. Clara êxitou, mas não desistiu, ela quis chegar até lá, e chegou. Tinha muita gente aglomerada, ela não conseguia ver... Mas para que ela queria ver uma cena daquela ? Ela não sabia. Mas agora ela estava vendo... Espera aí ! Mas... Clara estava vendo o corpo. Parecia conhecer a pessoa. Mas como aquilo era possível ? Ela se aproximou... Ela conhecia sim!Era uma mulher... Era o corpo de branca... Mas... Clara não entendia, era a branca mesmo, ela tinha certeza! Ela procurou se acalmar, e começou a prestar atenção na conversa das pessoas,... Pelo que ela estava entendendo ninguém ali conhecia branca. A policia havia encontrado vestígios de pele humana grudado nas unhas dela, e se surgisse um suspeito, a sua culpa, ou inocência, seria facilmente comprovada através dum exame de DNA, ou algo similar. Clara estava tentando entender toda aquela loucura, foi quando ela avistou o tal amigo de cara engraçada do qual branca havia lê falado.Ele realmente era inconfundível... Impossível haver outra pessoa que se enquadrasse tão fielmente as descrições fornecidas por Branca. Então Clara imaginou que através de Valter, “amigo de Branca”, ela poderia se informar melhor sobre o que havia se passado com a sua... Companheira de viagem... Então ela se aproximou do tal homem e o chamou pelo nome, se apresentou como conhecida de branca e naturalmente passou a falar sobre a amizade dele com a mulher assassinada, e também perguntou o que ele achava que poderia ter acontecido com Branca... Só então Clara percebeu que todos a olhavam com espanto, e que o suposto amigo de Branca estava todo embaraçado e sem jeito, como quem houvesse sido desmascarado... É que Valter era um dos que diziam não conhecer branca. Foi então que o tal sujeito passou a dizer firmemente que nunca havia visto nenhuma das duas mulheres, e que não imaginava o que aquela moça pretendia tentando criar uma ligação entre ele, e aquela mulher que estava morta... Valter também insinuou que Clara poderia ser a assassina, já que nenhuma das duas eram da cidade, e nem eram conhecidas de ninguém por ali... Mas Clara sabia que ele estava mentindo, e instintivamente apontou o dedo indicador na direção de Valter e começou a gritar aos quatro ventos que era ele o assassino. Valter se defendeu chamando-a de louca, mas Clara logo se lembrou do sonho que branca disse ter tido, e afirmou que ele trazia as marcas das unhas da vitima nas costas, e pediu que ele mostrasse as costas para os policiais. Diante da grave acusação os próprios policiais fizeram questão de conferir a informação. E para a surpresa de todos,ele realmente estava com as costas em carne viva... Clara se sentiu aliviada, porque se não houvesse nada, provavelmente ela seria presa, e acusada do crime.Valter foi preso, os exames comprovaram sua culpa. Clara até hoje não entendeu o que foi aquilo que aconteceu na sua vida. Mas ela nunca... nunca mais tocou neste assunto...


LUIZ CAIO

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