LUIZ CARLOS

LUIZ CARLOS
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Caminhos desertos.


Estou andando há séculos... É a impressão que tenho! E não pertenço a lugar algum, nem a ninguém... Eu sei que ao pé da letra, eu não deveria mesmo pertencer a alguém. Afinal de contas sou uma pessoa, e não um objeto! Mas eu não falo neste sentido, e sim ao fato de não haver alguém em minha vida... Um parente, um amigo... Uma pessoa qualquer que permaneça. É isso! Não existe ninguém em minha vida, realmente... Têm me acontecido coisas absurdas, inexplicáveis... Eu já chorei tanto, pedi tanto por uma ajuda! Às vezes sinto que vou morrer... Dias desses matei uma pessoa que me perseguia, e tentava me matar. Já aconteceu outras vezes... Certa vez atropelei um homem que estava em um ponto de ônibus... Devo ter atropelado mais gente, já que havia muitas pessoas no local. Mas este homem foi o único que morreu... Fui perseguida por um carro de policia, e dirigi loucamente por ruas estranhas, de um lugar mais estranho ainda. Acabei capotando o automóvel, e indo parar as margens de um rio que passava sob a ponte que eu deveria ter atravessado... Saí com dificuldade do carro, e não consegui andar. Então me sentei, e fiquei esperando os policiais chegarem para me prender. Mas eles não chegaram... Depois de algum tempo me levantei, e sai caminhando como se nada tivesse acontecido... Tem sido sempre assim ultimamente, em minha vida! Coisas boas, e coisas ruins acontecem, mas não deixam marcas. Às vezes fico feliz, quando encontro algum rosto conhecido... Alguém que sinto que é, ou foi importante em minha vida. Mas depois de algum tempo... Não sei quanto! Esta pessoa, como todas as outras pessoas, e coisas, simplesmente se evaporam, e tudo volta a ser como era antes... Ou como nunca foi... Isto eu já não sei te dizer!... Sei que passo por lugares incríveis. Alguns lindos, outros horrorosos, mas não os reconheço, e também não permaneço em parte alguma... Estou cansada... Estou com medo!... Quero ir para casa!... Será que você pode mesmo me ajudar, ou sumirá derrepente, como tudo o que tem surgido em minha vida?... : __ Sim, eu poderei te ajudar realmente, mas só se você também quiser ,realmente ser ajudada! Eu vou tentar explicar o que está acontecendo com você... Você esta passando por um processo de rejeição à sua vida real. Provavelmente, após um trauma relacionado a alguma pessoa importante em sua vida, em algum momento você adormeceu, e teve um sonho muito bom... E, quando chegou o momento de despertar deste sonho , você simplesmente não quis voltar à realidade da sua vida. Preferiu a vida do sonho que estava tendo... Mas o que você não sabia, “e agora já sabe!” É que os sonhos não são estáticos... Muito pelo contrario! São bem oscilantes. E são sim, muitas vezes, Inexplicáveis, e até mesmo absurdos... Porem, quando se percebeu perdida, você não soube mais como voltar. Foi como se tivesse entrado em uma mata fechada e perdido o caminho de volta. Mas no seu caso foi ainda pior, pois você não sabia que tinha entrado. Portanto não sabia que seria preciso sair... Eu sou o Dr. David, especialista em casos como o seu. Mas confesso... Nunca vi um tão complicado! Você chama-se Raquel. E para que eu possa te ajudar, você precisara se lembrar de tudo o que aconteceu minutos antes de adormecer. E também precisará confiar em mim, e ouvir tudo o que eu te disser, pois as lembranças poderão ser dolorosas, e você corre o risco de preferir ficar aqui, a voltar à realidade... E então! Você esta disposta a tentar ?... Podemos começar?... ___ Sim... Podemos começar!... “Na casa de Raquel, Dois médicos trabalham.” Um está monitorando os aparelhos que ligam a mente de Raquel a de outra pessoa, e o outro, é a pessoa em questão!... Alem dos médicos, havia também no quarto uma terceira pessoa. Tratava-se do pai de Raquel... : __ Então Sr. Carlos! “Indagava, o medico”. Conte-me novamente como tudo aconteceu!... : __ Eu estava muito bravo com ela, por sua insistência em querer arrumar um namorado. “Dizia o pai”... Eu sei que ela já tem vinte anos, mas não seria por isso que eu deixaria de fazer o que acho correto! Vinte anos, no meu modo de ver as coisas, é muito cedo ainda para uma moça de família estar atrás de namorado... Ainda nem terminou os estudos!... A discussão foi feia aquele dia. Daí ela subiu as escadas correndo, e chorando muito. Eu fiquei um pouco lá embaixo, e depois subi, com a intenção de ir para o meu quarto... Quando eu cheguei ao topo da escada, me deparei com ela me olhando, com os olhos cheios de ódio... Tomei um baita susto! Eu não teria a menor chance de escapar, caso ela tivesse mesmo me empurrado, como parecia ser a sua idéia inicial. Mas ela apenas ficou me olhando... Olhou-me fixamente nos olhos, virou-me as costas, correu para o quarto, trancou a porta, e ficou lá quietinha... Já era noite. Então somente no dia seguinte fomos procurá-la, quando ela não desceu nem para fazer a refeição do almoço... Estranhamos. Fomos até seu quarto, batemos a porta. Como ela não respondia, abrimos a porta com uma chave reserva. Quando entramos, a encontramos assim, como esta até hoje... Esta assim há quase um mês, como o Dr. Já sabe!...__ É, mas hoje ela terá que sair dessa! “Exclamou o medico”. Caso em contrario, o Dr. David também não poderá retornar... “Concluiu”... Mas Raquel, lá do outro lado, conseguiu se lembrar de tudo... : __ Calma, tenha, calma! “Dizia David”. Você precisa manter o controle, se não porá tudo a perder! “Concluiu”:__ Mas Dr. “Dizia Raquel”, Agora me lembro, eu matei meu pai. O empurrei escada abaixo... Ele esta morto. Eu não vou voltar pra lá! Eu não quero voltar... O Sr. Não entende? Eu quebrei o pescoço dele lá na escada!... __ Por favor, me escuta! “Pediu o medico”. Você não matou o seu pai... Você esta me ouvindo?... O seu pai não esta morto. “Concluiu”. Raquel foi se acalmando. E então perguntou: __ Quer dizer que meu pai sobreviveu à queda? __ Não houve queda. “Respondeu David”. Você não chegou a empurrá-lo. Apenas desejou fazer, mas não fez. O seu bloqueio mental chegou antes... Talvez, veio mesmo para evitar que você cometesse o ato!... Escuta Raquel! O seu pai esta bem... Esta tudo bem! Você não fez nada... “Raquel ainda não estava convencida, e o tempo passou a lutar contra eles... Na casa de Raquel, a situação começava a sair do controle...: __ O que esta acontecendo Dr.? “Perguntava Carlos, pai de Raquel”. __ Os batimentos cardíacos dos dois estão muito fraco. “Respondeu o medico”, Chegou o momento deles voltarem, mas acho que o Dr. David esta tendo problemas. “Concluiu”.:__ A minha filha esta morrendo Dr., Faça alguma coisa pelo amor de Deus!... O Sr. Vai ficar aí parado? __ Não há nada mais a ser feito Sr. Carlos. Agora só nos resta esperar... Eu também estou prestes a perder um grande amigo! “Disse o medico já irritado”. Carlos, na condição de pai desesperado, não conseguia entender o que estava se passando ali, naquele momento... Ele queria que o médico corresse, religasse aparelhos, fizesse massagens... Aquelas coisas todas que a gente conhece... Mas nada disso adiantaria!... Raquel foi a primeira a parar de respirar... O coração dela parou totalmente, e o seu aparelho disparou... O medico correu para ela, nada mais a se fazer. Então correu para o lado de David... David ainda respirava, parecia estar lutando muito para voltar... Mas como ele voltaria, se sua mente estava ligada a de Raquel, e Raquel já havia ficado? Será que sua vontade de viver seria tanta, a ponto dele conseguir voltar sozinho, mesmo estando condicionado a ela!... Seria tecnicamente Impossível. “Dentro dos recursos especiais, utilizados pelos médicos”... Mas o fato era que David estava resistindo, e seus pontos vitais, ficando cada vez mais fortes... O médico passou a ter esperanças de ainda poder rever o amigo com vida. Carlos, em sentido contrario, chorava ao corpo da filha... David, Lá do outro lado, andava com dificuldade, arrastando o corpo de Raquel em direção a uma espécie de saída. Ele não conhecia o caminho, pois o caminho era dela, não dele! Mas era ele, quem tinha a força para seguir em frente, e sua vida dependia desta dura caminhada... David logo notou que precisava se apressar, pois já estava sentindo o cansaço, e sabia que a qualquer momento o caminho poderia se fechar, Daí ele também teria que ficar ali... Por isso ele apertou os passos, e seguiu em frente, Caminhando, e carregando Raquel, do jeito que dava!... Lá, na casa de Raquel. O médico voltou a se preocupar, pois David estava fraco novamente, Só que desta vez, bem mais que antes... E a qualquer momento, ele também não iria mais suportar... E não demorou muito, para a situação de David ficar critica... E logo ele também parou de respirar, e seu aparelho também parou, e tudo estava perdido...: __ Como ele poderia voltar sem ela! Não seria possível! Eu já deveria saber!... “Lamentou o médico, desconsolado”... De repente, O aparelho de Raquel voltou a funcionar... Ela voltou a respirar... Mas respirar muito! Com toda a força de uma boa respiração... Logo em seguida, David, da mesma forma, voltou a respirar... Os dois passaram a retomar o fôlego, como se tivessem corrido muito, e parado em seguida para descansar... Então David se levantou, e correu para amparar Raquel. Carlos Correu para a filha, sem acreditar no que estava vendo. O médico que acompanhava o trabalho, todo feliz, correu e abraçou o amigo... Depois de um instante de comemoração a quatro, lembraram-se que a família era maior, e aguardava por noticias. Carlos desceu a escada todo sorridente, e anunciou a família, em tom de Vitória... Nós conseguimos! Raquel voltou. Ela esta viva e acordada novamente!... Todos subiram correndo. Carlos vinha à frente... Raquel estava no topo da escada, olhando para ele... Desta vez com carinho!...


LUIZ CAIO.

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