LUIZ CARLOS

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segunda-feira, 17 de março de 2008

A morte veste vermelho (conto)

Eu sentia muito frio... É do que mais me lembro! Eu estava deitado no chão junto a um muro, e sobre a calçada. As pessoas se aproximavam e me olhavam estranhamente... Pareciam espantadas! Horrorizadas... Não sei! Eram uns olhares diferentes, que eu não entendia muito bem. E era tanto o frio que eu sentia!__ Por favor, alguém aí me ajude! Sinto frio. Quero ir para casa... Alguém, por favor!... Eu não posso me mover... Estas palavras eu gritava o tempo todo. Mas a voz parecia não sair. Ou eram as pessoas que não me ouviam... Sei lá! O que sei é que cada vez chegava mais gente. Mas as pessoas pareciam estar com medo de me tocar! Medo talvez, de agravarem a minha situação... Eu devo estar bem mal, “pensei”. Cadê a ambulância, ninguém chamou? Perguntava para aqueles que me olhavam mais de perto. Mas eles não me ouviam mesmo não!__ Ah, que bom! Agora sim! Exclamei feliz...De repente avistei tanta gente conhecida chegando, e se aproximando, e é claro. “Pensei.” Agora os meus parentes e amigos vão me tirar daqui e me levar urgente á um hospital. Pois só então eu pude perceber o quanto eu estava ferido, e o quanto eu estava sangrando. E os conhecidos chegaram. Meus amigos, primos, e irmãos... E meus pais... E meus pais desesperados que choravam tanto! Mais do que os meus irmãos, primos e amigos, que também choravam. E choravam muito! E eu sentia tanto frio! E senti também tanto medo naquele momento... Porque ninguém fazia nada?... Ah, que bom! “Aliviava-me.” Que bom que eu não sinto dor! É este frio apenas, e esta imensa solidão, que até me da vontade de chorar!... E eu estava mesmo só! Ninguém ali estava próximo a mim realmente. Ninguém me olhava nos olhos. Ninguém percebia que eu podia ver a todos que estavam por lá. Ninguém sabia que eu estava lá... E de repente veio a Rosa... A mulher que eu amei a minha vida inteira... Eu falava isso pra ela! Mas ela não ligava. Só fazia charme... Por que ela nunca me disse, o que me dizia naquele momento? __ Rosa olha pra mim! Eu estou te ouvindo, me ajuda a sair daqui! Eu também te amo... Eu estou com frio!Eu estou... Ela sorriu para mim. Ela sabia que eu estava lá... Apenas ela sabia ninguém mais!... Daí então, tudo foi acontecendo meio que misteriosamente. De repente eu vi a minha vida inteira projetada numa espécie de tela. Através de uma nuvem que passava lá no céu. E por lá eu vi a minha história. E por lá eu vi aquele dia... E por lá eu me vi, como todos me viam naquele momento. E só então eu entendi... Eu só não entendia a Rosa! Olhando-me, e sorrindo docemente para mim. Ela segurava a minha mão tão suavemente... E o seu olhar me confortava tanto! Que eu já nem sentia mais o frio. A minha Rosa estava tão diferente agora! Parecia uma outra Rosa... Uma Rosa vermelha!Uma mulher toda de vermelho. E que não era mais a minha Rosa... A Rosa que eu amava tanto! Mas ela me fez sentir tão bem. Que eu já nem sentia mais o frio. E nem sentia mais o medo... E a solidão! Ela me fez sentir tão bem... Que eu nem precisava mais respirar...


LUIZ CAIO

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